Alfredo
Volpi nasceu na Itália e veio para o Brasil com um ano de idade, em
1897, com os pais que emigraram para São Paulo. Desde pequeno gostava de
misturar tintas e criar novas cores. Esse talento o levou a trabalhar
como pintor de frisos, florões e painéis nas paredes das mansões
paulistanas.
Estudou
na Escola Profissional Masculina do Brás e trabalhou como marceneiro,
entalhador e encadernador. Aos 16, ele pintou sua primeira aquarela. Aos
18 anos de idade, ele pintou sua primeira obra de arte, sobre a tampa
de uma caixa de charutos, usando tinta a óleo.
Em
1925 iniciou sua participação em mostras coletivas. Até se firmar como
pintor, exerceu vários ofícios, como o de decorador de interiores.
Autodidata em artes, tornou-se membro do Grupo Santa Helena, nos anos
1940, onde conheceu o pintor paulista Ernesto de Fiori, que iria
influenciá-lo de maneira decisiva.
O
grupo era formado por artistas paulistas que se reuniam no palacete
Santa Helena, desenvolvendo, durante as décadas de 30 e 40, pinturas que
retratavam cenas da vida e da paisagem dos arredores de São Paulo.
Participou das primeiras manifestações artísticas contra os modernistas
de 1922, junto com outros pintores do Grupo Santa Helena, como Bonadei,
Rebolo, Clóvis Graciano, Pennacchi.
Volpi
expôs no Salão de Maio e na 1ª. Exposição da Família Artística
Paulista, em 1938, ambos em São Paulo. No ano seguinte, depois de uma
viagem a Itanhaém, no litoral sul paulista, começou a pintar paisagens
marinhas. Participou do 7º Salão Paulista de Belas-Artes em 1940.
Treze
anos depois, ganhou o prêmio de melhor pintor brasileiro, na 2ª Bienal
de São Paulo. A partir daí, tornou-se um pintor famoso. Bienal de
Veneza, várias retrospectivas (exposições com a obra do autor) em museus
e galerias, precederam a exposição Volpi 90 anos, no Museu de Arte
Moderna de São Paulo, no aniversário do artista, dois anos antes de sua
morte.
Ao
longo de quase um século de existência, Volpi passou por várias fases,
recebeu influências de pintores impressionistas e clássicos como
Cézanne, Giotto, Ucello, encontrando seu próprio caminho. Volpi criou
sua própria linguagem na pintura e evoluiu naturalmente das
representações de cenas da natureza para produções mais intelectuais,
concebidas em seu estúdio.
Daí
em diante suas obras seriam dominadas pelas cores e pelo estilo
abstrato geométrico. Exemplo marcante disso são suas bandeirinhas
multicoloridas, que se tornaram sua marca registrada. As formas
geométricas e as trocas cromáticas começaram nos anos 1970: Volpi
preparava várias pinturas parecidas, alterando cores, no que os críticos
definem como uma combinação inventiva.
É
a fase das bandeirinhas, sua maior contribuição para a arte brasileira
moderna, expressa em seu trabalho Bandeiras e Mastros. Só pintava com a
luz do sol e se envolvia totalmente com a criação de sua obra, o que
incluía esticar o linho para as telas. Depois de dominar a técnica da
têmpera com clara de ovo, o artista nunca mais usou tintas industriais -
"elas criam mofo e perdem vida com o passar do tempo", dizia.
Num
processo típico de um pintor do Renascimento, fazia suas próprias
tintas, diluídas em uma emulsão de verniz e clara de ovo, em que ele
adicionava pigmentos naturais purificados (terra, ferro, óxidos, argila
colorida por óxido de ferro) e ressecados ao sol.
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