A verdade dividida
Carlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de Andrade
A porta da verdade estava aberta
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só conseguia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia os seus fogos.
Era dividida em duas metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era perfeitamente bela.
E era preciso optar. Cada um optou
conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
Olá querida,
ResponderExcluirque blog lindo...
eu também sou apaixonada por poesias...
passa lá no meu cantinho...tem um pouquinho de tudo...Tildas...poesias...
bjs
Fatima
fats-arteira.blogspot.com.br