Quantas vezes subia, eu menino, a um cajueiro.
e convidava todo o meu bando a embarcar!
Nesse navio a vela verde, eu, herói-marinheiro,
corria o mundo inteiro...
sem sair do lugar.
Dava ordens de comando.
Novo pirata-chefe, ordenava: abordar!
Em torno, o campo em flor ao vento marulhando
ondulava bravio...
E, saltando nos galhos, balançando,
eu afrontava o mar, rindo, num desafio,
sem sair do lugar.
Será por isso que, sem frotas e sem velas,
hoje, homem feito, continuo a viajar?
Comando aéreas e implacáveis caravelas...
e num mar que floresce em glória e desvario
aprôo as quilhas de meus sonhos às estrelas...
sem sair do lugar.
(Murilo Araújo)
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